ESCOLA DE BELAS ARTES - CURSO DE PINTURA
PROJETO FINAL – 2013
O Fleumático
Sua natureza calma e sossegada… sua agudeza de espírito e senso de humor tornam sua presença um prazer.
LaHaye, Tim. Temperamentos transformados.
Paul Gauguin, Retrato de Madeleine Bernard, 1888
Nesta pintura de Gauguin, pode-se observar características similares ao do temperamento fleumático, são elas a delicadeza, a sutileza e a despreocupação. A delicadeza é observada na expressão da Modelo, a sutileza se encontra na maneira com que o pintou utilizou as linhas e a palheta de cores, e a despreocupação foi associada à falta de perspectiva.
Lembrando que as características são da pintura em questão e não do autor desta.
Ela parece mais velha e sua atitude é a de um devaneio de mulher. Seu cabelo desgastando-se, o seu olhar enigmático, fez-se os olhos e o desenho cuidadoso de todos os seus lábios fazendo dela uma sedutora absolutamente charmosa.
La Bibliothèque du Musée de Grenoble - Gauguin e Madeleine Bernard
Entre as faixas amplas de cores e tons sutis desta pintura, se destaca o violeta, cor associada ao fleumático e também representa a calma, os sonhos e a delicadeza.
Releitura
A modelo escolhida foi eu mesma, com este estudo dos temperamentos, percebi que não me encaixo no tipo fleumático, já havia feito alguns autorretratos, mas nunca dentro desta ótica. Apesar, de todos eles terem uma expressão serena, principal característica deste tipo temperamento.
Preparação
Neste trabalho, pude ter liberdade total para construí-lo uma vez que naturalmente expresso o temperamento fleumático na minha forma de pintar. Comecei pela linha de forma bem suaves, coisa que antes não tinha muita consciência do porquê.
O fundo também é bem sereno e homogêneo, trabalhado com aguadas bem leves e sem saturação, utilizando-me apenas de violeta, azul cobalto com carmim, misturado com o branco de zinco e bem diluído em óleo de linhaça, secante e solvente.
Comecei a pintura propriamente dita, de forma bem suave indo direto para os tons de pele, servindo-me de amarelo nápoles e um tom rosa obtido com a mistura com o vermelho cádmio e o carmim.
Assim, desde o início, a leveza e a suavidade foram dando o tom poético deste trabalho.
Foi interessante, notar que neste trabalho, tudo fluiu mais fácil, pois os matizes mais intensos não agrediam a pintura, destacando-se nas roupas e nos cabelos, dentro daquela noção de integração barroca, sem que a expressão fosse prejudicada.
Para conseguir a cor violeta contrastante do vestido foi usado o azul cobalto, carmim e alizarin, marquei as sombras com o azul da prússia, preto e alizarin.
Já para o casaco o meio tom foi obtido com o amarelo ocre e amarelo de cádmio, marquei as sombras intercalando cores quentes, como o laranja e o terra de siena, com cores mais frias, como o azul cobalto, verde esmeralda e o violeta. Por fim abri as luzes com ocre, amarelo de cádmio e amarelo de Nápoles, trabalhando algumas interplanações e esmaecendo a saturação do laranja e do terra de siena.
Também usei de velaturas para dar luminosidade às sombras e fazer as passagens tonais da forma mais suave possível.
